A Roseira
Desabafo da esposa de um adicto. Ou, uma forma de registrar nossas experiências para ajudar outras pessoas com o mesmo problema. Deixe seu depoimento, sua história, o que deu certo e o que não deu. Vamos nos ajudar!
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Já faz seis meses que deixei meu marido. Percebam a quanto tempo posto aqui e até agora não houve mudança. Resolvi que chega de dar murro em ponta de faca. De lutar sozinha.
Porque demorei tanto para tomar essa decisão? É realmente um absurdo como não se tem um motivo real, somente fraqueza, manipulações, co-dependência. Um dia vamos escrever um pouco mais sobre isso. Hoje eu queria somente contar isso para vocês: estou me libertando!
Não está fácil, afinal ainda não consegui um trabalho para sustentar meu filho. Tenho paz, mas não tenho uma casa, uma geladeira, um fogão, dinheiro para pagar o colégio, plano de saúde. Todos os luxos cortados: passeios, salão, banho no pet. São luxos, porém, quando a gente acostuma fazem falta. Mas não se preocupem, não tanta falta que faça eu pensar em voltar.
Com o tempo terei tudo isso e muito mais.
Quero uma casa com fogão à lenha, com meus cachorros andando por dentro e um pequeno quintal para plantar meus chás e temperos. O resto não precisa muito, pode ser pequenininha. Quero ela cheia de gente. Cheia das comidas que eu gosto de fazer e não tinha para quem. E um dia, quem sabe, se tudo andar de acordo, poderá caber mais gente, inclusive meu filhinho que não será da minha barriga.
Posso fazer planos!! E o crack não vai mais frustá-los!
Vou achar meu trabalho e vou conseguir dar conta de tudo. Se eu pude aguentar tanta coisa por tanto tempo, criar meu filho nesta confusão e ele ser um bom e tranquilo menino, posso dar conta de muuito mais!
Acho que vou me inscrever em alguma comunidade de "crowdfunding"! Afinal eu tenho um projeto que precisa de financiamento! Eu tenho um projeto de vida nova e feliz que pode ser frustrado pela falta de verbas! Então, estou aceitando investidores, rsrsrs!
Brincadeiras à parte, quero muito que tudo dê certo e quero que meu filho tenha, finalmente, uma vida tranquila. Vou correr de átras e o mais, Deus proverá!
Um abraço para todos.
terça-feira, 1 de maio de 2012
quarta-feira, 25 de abril de 2012
segunda-feira, 3 de outubro de 2011
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
Estamos passando pela calmaria e, já posso dizer, estou bem melhor.
Quem recaiu desta vez foi eu. Me bateu um sentimento de desesperança que parecia que não passava nunca. Nada me trazia felicidade. Tentei largar do meu marido, mas isso também não me trouxe alívio nenhum. Resumindo, me desestabilizei completamente.
Uma pessoa neste estado de espiríto não traz benefício nenhum para ninguém. Só atrapalha. Éramos um cego guiando o outro. Ainda bem que Deus ajudou e não nos deixou cair juntos em um buraco muito fundo.
sábado, 16 de abril de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
E isto foi o que mais nos atrapalhou no começo: a ignorância. A falta de informação faz com que façamos coisas que nunca deveríamos ter feito.
Demorei para entender como alguém inteligente, super competente em seu trabalho, que gosta de comida boa e muito conforto não conseguia deixar a favela e a sujeira por umas pedras a mais.
Mas, o medo e a vergonha das famílias impede que a informação corra de forma real e clara. Não somente da maneira como nos é apresentada em nossos meios de comunicações. Todo mundo pega seu adicto e tenta esconder da melhor maneira possível.
Por isso os grupos de familiares ajudam tanto. Você chega e vê que existem comportamentos padrões e que podem haver respostas já estudadas por outras pessoas. Eu até tenho uma tese de que quando os familiares frequentam os grupos ajuda mais do que quando o próprio adicto é quem vai (não dizendo, é claro, que este não deve ir).
Não se tem informação dos sintomas, dos tratamentos, de médicos especializados, de clinicas e centros terapeuticos bons. Nada. Vai-se atirando para todo lado e vendo no que vai dar. Depois de muito tiro errado, começa-se a enxergar qual é o melhor caminho para o seu dependente. Depois de muita mágoa, muita dor, muito choro, muuuito dinheiro jogado fora, muito tempo disperdiçado.
As pessoas em volta, a família e os amigos, se afastam, não por falta de carinho somente, mas por medo de agir errado e prejudicar ainda mais. Isto é, novamente a falta de informação e de conversa atrapalha algo que poderia ajudar muito.
O conhecimento é a chave.Quanto mais se sabe sobre o assunto, mais fácil fica de lidar com ele.
Sabe que não adianta fazer tal coisa que não vai funcionar para aquela pessoa. Que determinado centro terapeutico não tem profissionais competentes em seu corpo de funcionários. E sabe que ele não vendeu algo precioso para ti por uma mixaria porque não se importa com você e sim porque não se importa com mais nada, a não ser a droga.
Mas, o confronto com a realidade é cruel. O mundo perde um pouco da cor quando se percebe que as páginas policias diminuiriam em 90% sem a influência direta ou indireta das drogas. Quando se percebe quantas crianças estão em abrigos por terem perdidos os pais, os irmãos, os tios... para o crack (sim, eu já vi issom!). Que mulheres vendem o seu corpo para conseguir só uma pedra. Eu já vi gente penhorar a mãe! Mãe vender todos os brinquedos do próprio filho. Que gente morre de inanição por não comer para comprar droga. Que vende o que tem de mais precioso pela próxima dose e chora por isso, mas não para e vira fantoche do mal, até perder tudo: família, emprego, filhos, bens, sonhos...
Meu Senhor, somos todos filhos do Todo Poderoso, herdeiros do trono, nascidos pra brilhar e não para morrer na sarjeta! É muito triste quando se vê um filho, irmão ou marido renegar essa herança eterna e cair na escuridão. E é muito chocante quando se percebe a multidão de pessoas que estão nessa e que não havíamos enxergado antes.
Não acho que devemos nos expor e ao adicto desnecessariamente, mas, o medo e a vergonha não nos levarão a lugar nenhum nem ajudarão outras pessoas que com certeza estarão precisando. Quem sabe assim o choque seja um pouco menor quando alguém descobrir a adicção em um familiar ou amigo.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Difícil realidade
Na real, a convivência com um adicto dificilmente irá ser um relacionamento saudável. Entre pais e filhos é bastante difícil, como se nota pelo comentário do pai no post anterior. Nove anos de abstinência de sua filha ainda não foram suficientes para que ele confie nela. E ele está com a razão, não sei se em algum momento de suas vidas ele poderá baixar a guarda.
Não tentando diminuir o sofrimento dos pais, que tem suas próprias dores, entre conjuges, as principais características necessárias para um bom casamento são consideravelmente abaladas. A mútua confiança, por exemplo, torna-se praticamente impossível.
De um lado a pessoa que não é dependente quimica não pode confiar nas palavras do adicto pelo risco de mentiras e manipulação que são inerentes a doença. De outro, o próprio adicto começa a desconfiar que suas constantes ausências e comportamentos errados possam ter levado o outro a abandoná-lo e a escapadelas conjugais.
Mas como confiar no adicto se as principais características da doença são a mentira e a manipulação? No meu caso em específico, depois de muitas recaídas, quando escuto as promessas serem renovadas não consigo botar fé em nenhuma delas. Parece um desfile de mentiras e palavras vãs. E dói desconfiar da pessoa amada!
Outra é que o conjuge são, no fundo, no fundo, se sente em crédito. É como se pensasse: ei! Eu agüentei teu vício, porque você não pode agüentar este meu defeito? Claro que eu sei que um casamento não deve funcionar assim, mas, esses sentimentos são inerentes ao ser humano e demoram um bocado de tempo para serem mudados.
E como não cobrar depois de tantas coisas que nos são tiradas com o convívio com o dependente? A paz, a liberdade, os amigos que se afastam, as coisas que se deixam de comprar, o tempo que deveria ser de alegria...
Como podem já perceber, meu marido voltou para casa. E mais isso me vai ser tirado: estamos mudando nossa residência, pois é perigoso permanecer no mesmo local quando as pessoas que atiraram nele moram na mesma vila. Eu gosto de onde moramos. Muito. Tem tudo que eu preciso perto e eu cresci por aqui.
Não estou conseguindo perdoar desta vez. Estou tentando, mas não estou conseguindo. A mágoa está tomando conta e dificultando minhas decisões. Não sei como vou continuar, nem se quero tentar continuar. A decisão de deixar nosso casamento não é tão simples. Além do sentimento, tem a parte prática.
Deixei meu trabalho para acompanhá-lo e ajudá-lo no tratamento. Agora estou na mão. Sem casa, sem emprego e com um filho. Estou procurando uma forma de me sustentar e, assim, ficará mais fácil tomar um rumo diferente do atual.
Rezem por mim, que a barra está pesada...
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Notícias interessantes
- http://www.oabpg.org.br/noticias.php?id_noticia=23686
- http://www.oabpg.org.br/noticias.php?id_noticia=23655